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FEV
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Atualizado em:
27/02/205
Vamos melhorar a literacia financeira empresarial
Ter conhecimentos essenciais sobre finanças quer pelos empresários quer pelos colaboradores é um fator fundamental para a criação de um bom ambiente de negócios.
De acordo com o conceito da OCDE, a literacia financeira empresarial é uma combinação de consciência, conhecimento, habilidades, atitudes e comportamentos que um potencial empresário, proprietário ou gestor de uma micro, pequena ou média empresa devem ter para tomar decisões financeiras eficazes para iniciar um negócio, gerir um negócio e finalmente para garantir a sua sustentabilidade e crescimento.
Muitos dos empresários acham que o “tema das finanças” é um tema da exclusiva responsabilidade de contabilistas, economistas, auditores e outros especialistas financeiros. Desenganem-se! Estamos a falar muitas vezes de fluxos de entradas e saídas de dinheiro – com o objetivo de “sobrar algum” – que estão sobre a responsabilidade dos gestores e que resultam das suas decisões.
A gestão dos recursos não se compadece com delegar “temas de números” para os especialistas como se não fossem eles, os empresários/gestores, os responsáveis por esses números. Não conheço empresários que desenvolvam ou desenvolveram empresas de sucesso que não tenham tido, de uma forma contínua, a preocupação de terem controlo sobre a saúde financeira dos seus negócios. Muitos deles, ainda que sem qualquer formação especializada em finanças, souberem e sabem procurar ajuda de que precisam, em cada momento, nestas matérias.
A generalidade das decisões tomadas no dia a dia de qualquer empresa têm impacto financeiro. Não me refiro apenas a decisões de investimento e financiamento das empresas que, aqui sim, cabem aos donos das empresas, mas também a outras tantas decisões simples, que estão nas mãos dos colaboradores, como por exemplo o atraso na faturação de bens e serviços, a ineficiência de cobranças junto dos clientes, uma inadequada gestão de stocks e até a ausência ou falta de rigor na informação atempada sobre os impactos das decisões tomadas.
De acordo com dados da ODCDE, onde participam 26 países, Portugal encontra-se em 7º lugar no ranking de literacia financeira. Contudo esta posição não parece ter um reflexo direto no tecido empresarial português, nomeadamente ao nível das PME, grande parte delas pautadas por um baixo índice de produtividade e de capitalização, desenvolvendo a sua atividade sempre na “corda bamba” o que coloca em risco direto a sua sobrevivência, nomeadamente em tempos de crise, e com impactos, mais ou menos diretos, sobre colaboradores, clientes, fornecedores e financiadores.
As sucessivas crises que tem ocorrido na economia têm provocado o desenvolvimento de muitas iniciativas, que desde já saudamos, para melhorar a literacia financeira das pessoas, contudo existem ainda grandes debilidades nesta área nomeadamente na capacitação dos empresários e das empresas.
A inovação e o crescimento de vendas, bem como a otimização de custos e a implementação de práticas que evitem perdas e que contribuem para uma estrutura patrimonial adequada e um melhor desempenho económico dos negócios traduz-se em melhorias significativas na produtividade tão necessárias nomeadamente para melhorar os salários das PME em Portugal.
Em face do exposto e atendendo à importância dos empreendedores e das PME no crescimento e desenvolvimento económico sustentável e na melhoria da estabilidade financeira, o Estado, as instituições e associações empresariais bem como instituições bancárias e prestadores de serviços profissionais de contabilidade, auditoria e consultoria têm aqui um papel relevante e nobre que é o de ajudar os empresários e os seus colaboradores a elevar o nível da literacia financeira empresarial contribuindo assim para o desenvolvimento de um tecido empresarial mais eficiente, mais produtivo e mais robusto.
Porém, este papel não se reduz às entidades referidas. Este papel é o papel de todos nós. E, os empresários e os seus colaboradores, têm igualmente a responsabilidade e o dever de muito ativamente procurarem formação e informação que lhes permitam adquirir e potenciar os seus conhecimentos de literacia financeira empresarial não podendo demitir-se e/ou, de uma forma passiva, ficarem a aguardar pacientemente que a literacia financeira os procure.
